O sector IV da Urbanização de S. Domingos, cujo loteamento teve o seu desenho urbano - da autoria de terceiros - aprovado no final da década de 70, integra um conjunto de 62 lotes de habitação colectiva que perfazem 800 fogos.
Esse desenho urbano, surgido em período de máxima especulação, para além da singularidade do desenho em si com recurso a uma organização quase simétrica em torno de um espaço central, constitui um curioso exercício e um jogo de aproveitamento das normas regulamentares com o objectivo de maximizar a ocupação de solo, o que por sua vez veio a gerar múltiplas dificuldades no desenvolvimento do processo de transformação e de edificação.
Com efeito, com o decurso de tempo veio a verificar-se que o aprovado nos anos 70, integrou um conjunto de erros, dificuldades e desajustamentos à realidade urbanística e de mercado ulterior, de entre as quais:
- inexistência de previsão de unidades comerciais e de serviços num contexto urbano de grande densidade habitacional;
- capitação de estacionamento insuficiente e inexistência de estacionamento privado em cada lote;
- dimensão dos lotes desajustada - subdimensionados - das tipologias aprovadas e das novas exigências de conforto, designadamente quanto a áreas mínimas de compartimentos requeridas pelo mercado;
- dimensão dos lotes igualmente desajustada face às exigências em matéria de segurança contra incêndio;
Tendo-nos sido adjudicado a totalidade dos projectos de arquitectura e, conjuntamente, um pedido de requalificação do loteamento sem que se incorresse em alterações profundas, a nossa intervenção acabou por assentar em:
- Propor uma galeria comercial com arcada nos lotes que se implantam ao longo da Av.ª N.ª Sr.ª de Fátima;
- Na praceta central, substituir uma raquete de estacionamento proposta no estudo dos anos 70, por uma praça com canteiros ajardinados para público;
- Sem alterar a dimensão dos lotes - para não colidir com as infraestruturas já realizadas - foram redefinidas as cotas de soleira e introduzidas caves para garantir o estacionamento possível;
- Foi criado um parque de estacionamento colectivo sob a praceta central, ligado em subsolo aos lotes que com ela confinam, de modo a complementar a oferta de estacionamento privado;
- Foi proposta uma diversidade de arquitecturas, criando diversos conjuntos homogéneos, em função das suas características e localização;
- Procurou aumentar-se a qualidade de alguns fogos mediante o aumento de áreas e de diversidade tipológica, pela integração de um piso aterraçado, introdução de duplex nos últimos pisos e ainda recorrendo ao balanceamento generalizado dos alçados.
Apesar de uma única autoria, o propósito foi o de evitar uma leitura monótona que induzisse saturação por excessiva repetição de um arquétipo, pelo que foram propostos 6 conjuntos de lotes formalmente e plasticamente autónomos, claramente identificáveis pela sua disposição no terreno, dos quais se apresentam aqui parte, designadamente os lotes que se desenvolvem no chamado sector radial Sul.