Num terreno com 13 000,00m² no limite urbano de um pequeno aglomerado do concelho de Torres Novas, com forte pendente em direcção a um vale, uma paisagem mesclada de um povoamento misto de oliveiras e ciprestes, e tendo como pano de fundo e ao longe a presença majestosa da Serra d’Aire, pretenderam os requerentes levar por diante a construção da sua residência definitiva consubstanciada numa moradia térrea e uma outra de apoio.
O ambiente envolvente é de construção dispersa de cariz tradicional, e dada a inclinação do terreno relativamente à via, as construções visíveis da via pública corresponderão exclusivamente ao muro da frente do prédio e correspondentes marcações com pala dos portões de acesso a pessoas.
Pelo que em todo o resto as preocupações de integração paisagística são intrínsecas à propriedade e resultam de uma preocupação de modelação do terreno de modo a que a implantação do conjunto urbano e espaços contíguos assente no mesmo, em ordem a reduzir a movimentação de terras ao estritamente necessário e assegurando uma correcta compensação entre desaterro e aterro.
A intenção programática era de desenvolver uma moradia de um único piso com base numa tipologia V2+1, ao que correspondem 2 quartos e um escritório em que um dos quartos e o escritório está completamente adaptado para indivíduos com mobilidade condicionada.
A concepção arquitectónica foi fortemente modelada pelas características do terreno designadamente as que resultam da sua topografia, a orientação do seu declive, as perspectivas que dele se obtêm e bem assim a relação topográfica com a via que lhe dá acesso.
É em função do programa definido pelos proprietários que ao invés do PIP inicial se optou por implantar a moradia na zona posterior do terreno, implantando anteriormente uma edificação anexa de dois pisos com funções múltiplas de atelier, garagem, oficina e arrecadação de utensílios agrícolas uma vez que subjacente ao “habitar” os proprietários pretendem desenvolver uma actividade agrícola numa perspectiva de terapia e de auto-abastecimento.
Esta edificação anexa liga-se assim, à edificação principal por um espaço pergulado destinado ao estacionamento de viaturas no exterior e que nos períodos de grande estiagem constitui assim uma zona de sombreamento e de transição térmica.
Estabeleceu-se para este programa um desígnio de privacidade que é conseguido em grande parte, por um paramento cego que constitui um segundo muro correspondendo a grande parte do Alçado Nascente da moradia e que constitui um anteparo a uma antecâmara ajardinada e pergulada que confina através de espaços acristalados com toda a zona íntima da moradia.
Em contraponto as grandes aberturas da moradia (sala, escritório/biblioteca e quartos) fazem-se para SW para onde a paisagem se abre com todo o vale na proximidade imediata e a Serra na linha do horizonte.
Por opção conjunta dos proprietários e do projectista do ponto de vista de solução plástica optou-se por uma solução combinada e de contraponto, entre um volume simples com uma silhueta e volume tradicional e uma linguagem depurada nos detalhes para o edifício que corresponde ao Anexo e um volume simples, linear e rasteiro com uma linguagem inequivocamente contemporânea e minimalista para a edificação principal.
Em complementaridade toda a área encerrada da moradia é amplamente valorizada por um pódium onde se perspectiva uma intensa vivência exterior para mais profundamente se explorar e desfrutar as potencialidades do local.
Num plano mais abaixo e com acesso por uma escadaria monumental tem-se a piscina com bordo em cascata para propiciar um espelho de água onde a paisagem se reflectirá.