No âmbito do processo de Requalificação do Mercado do Livramento em Setúbal, de que fomos os projectistas, a Câmara Municipal apresentou igualmente, mas em processo autónomo, uma candidatura à comparticipação de fundos comunitários para a adaptação do 2º piso do edifício do Mercado a um Núcleo de Novas Iniciativas Empresariais, vulgarmente tratado por “Ninho de Empresas”.
Em virtude de estar a nosso encargo o desenvolvimento do projecto geral do edifício do Mercado e integrando-se este Núcleo fisicamente no mesmo espaço, a Câmara Municipal de Setúbal veio a adjudicar-nos o projecto.
Basicamente, trata-se de um projecto de interiorismo que promove a recompartimentação de um espaço que, tendo funcionado como galeria comercial em complemento ao Mercado, se encontra hoje em processo recessivo e de abandono generalizado.
O programa previamente definido aponta para a constituição de 30 espaços para empresas, modelados e agrupáveis e ainda as instalações de apoio, como sejam recepção e serviços administrativos de apoio comum, salas de formação, de reuniões, auditório e bar.
Estando-se à partida condicionado pela geometria disponível de uma estreita faixa em U distribuída por 3 alas (Nascente, Norte e Poente) que se desenvolvem ao longo de um linear com cerca de 180,00m, e ainda pela necessidade de alinhar a distribuição dos espaços empresariais - modelados - com a fenestração pré-existente no edifício, o partido que viemos a adoptar foi o de distribuir espaços de instalação empresarial pelas alas Nascente e Poente que comunicam entre si através da ala Norte por onde se distribuem os serviços e instalações comuns. As instalações sanitárias por sua vez, dada a exiguidade de espaço face ao programa, por razões de funcionalidade acabam por se localizar a meio das alas Nascente e Poente.
O conceito geral é o de que esta unidade funcione autónoma e cumulativamente em complementaridade ao ritmo do mercado, assegurando ciclos diários de actividade - no edifício - que se prolonguem muito para além do seu horário normal de funcionamento. Assenta ainda no reconhecimento de que constitui uma valorização recíproca a intercomunicação visual entre ambas as actividades, o levou a que se promovesse uma ampla cortina envidraçada no perímetro interior das galerias de circulação, que assim se oferece como ponto de vista de observação privilegiado sobre o mercado ao mesmo tempo animam superiormente a vida deste.
Para não comprometer futuras reconversões limitou-se a compartimentação em paredes de alvenaria ao estritamente essencial .
Em matéria de acabamentos procurou assegurar-se um ambiente de conforto, com algum cariz institucional mas sempre dentro de uma óptica de contenção de custos, pelo que concorrem para esse objectivo os pavimentos em alcatifa de pêlo curto com alta resistência ao desgaste, paredes de divisórias acabadas a painéis folheados a cerejeira, e valorização interior pela iluminação embutida nos tectos falsos.